FUNAAD - Manaíra - PB

Fundação Antônio Antas Diniz

Cultura, Educação, Ética, Fraternidade, História, Ação Social

 
Raízes indígenas
MANAÍRA
O Nome
A Lenda
O Romance
A Poesia

Coriolano

de Medeiros

 

MANAÍRA - A Poesia e a Cultura

A história ou lenda de Manaíra influenciou a cultura, a literatura e até decisões políticas, indo além das fronteiras locais e dos limites geográficos da Paraíba e do Brasil. Foi alvo inspirador de poemas, de críticas literárias e de um grande Romance.

Manaíra (Americo Falcão – 1939)

“India formosa: À luz da imensidade,

Vales e montes, rios, aves, flôres,

Modularão por toda a eternidade

A candidez astral dos teus amôres.

Não és lenda, bem sei. A humanidade

Para aumentar seus belos esplendôres,

Transfigurou-te em rutila verdade,

Para encanto mortal dos trovadores…

Tens de Iracema o amôr vivido e forte…

De Anita Garibaldi a alma divina,

Oh! Joana d’Arc dos sertões do Norte!

Que em teu louvor, entre doiradas flamas,

A selva exiba a alcova purpurina

De um talamo de amôr aberto em chamas!”

               Manaíra (Matias Freire – 1940)

A Coriolano de Medeiros

“A flôr dos Sucurus, virgem morena

E brava, como a tribu dos seus pais,

Vai morrer, o Pagé aprova a cena

Festiva dos selvagens funerais.

Arde a fogueira. Repercute, em plena

Dansa macabra, o som dos maracais.

E Manaíra, com seu noivo, a pena

Paga de amá-lo, com ternura audaz.

E rezam lendas e acreditam fadas

Que, ao gemido das árvores queimadas

E dos ventos dos céos em canto chão,

Num tálamo de luz de noiva em prece,

Chorando, Manaíra ainda aparece

Ao fulgor das fogueiras do Sertão.”

Canto à Manaíra (Olivina Carneiro da Cunha – 1944)

 

“Selvas absconsas e emaranhadas

Despertam, ao riso cristalino

De Manaíra,

A selvagem de tez venusta,

Que empresta encanto à região

Adusta,

Onde sua tribu valente travou combate

E se firmou, altiva.

Esplendente cenário!

A índia, muitas horas, vaga,

Em busca de um mimo

Para oferenda à Revista

Que lhe guarda o nome.

Olha...

E, ao redor, tudo lhe parece

Vazio e falho de valor...

Impaciente de uma busca

Em vão,

Cêde ao cansaço e, ao pé de uma aroeira,

Adormece...

Sorriso nos lábios, e um forte pulsar

No coração!

Sonha...

Uma nuvem de Manitus

A envolve.

Tenta reagir; embalde.

Eis, porém, um raio de sol

Aparece,

E fogem, de repente,

Os maus espíritos da floresta,

Enquanto a íncola das selvas

Ri delirantemente...

Depois...

Adelgalçam-se as cortinas do céu;

Há uma transfiguração...

E Manaíra percebe que, de manso,

Um gênio lhe vem abrir as pálpebras

De há muito cerradas,

Em profund sono... E, então,

Num rendilhado de estrêlas,

Surgem Napéis

Trazendo-lhe, apressadas,

Os dons com que ela arranjará

A dádiva, transformada

Em fúlgidas idéias!

Descerram-se, de leve, os cílios

Que escondem os carvões acesos

De brilho singular...

E magia de Sibila...

Ao lado! Fulgor de estrêlas,

Harmonia de cantos d’ave, beleza

De fórma das silvestres flores,

Suavidade das perfumadas auras,

Em uma pátena secular...

E Manaíra, a trescalar essências,

Entretece o mimo

- Uma canção agreste –

Para colorir as páginas brilhantes

Da Revista...

E a saudação foi-se nas asas

De uma ave pequenina e ágil

- Flecha – que ela disparou, contente,

Uma nota do escritor pernambucano Mário Melo:

Na sua seção Ontem, Hoje e Amanhã, do “Jornal Pequeno”, do Recife (Maio de 1944), o Sr. Mário Melo escreveu a seguinte nota a propósito de MANAÍRA:

“... Manaíra é o nome duma indígena que Coriolano de Medeiros tomou como personagem dum romance geohistórico de sua terra e que faz parte hoje da onomástica paraibana...”

Naceu, inclusive, uma revista com o nome Manaíra, que circulou no Brasil e nos Estados Unidos, durante alguns anos, na década de 1940.

 

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